quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

1851

Deitado ao seu lado, bebida em mãos, charuto apoiado na escrivaninha. Ela nunca esteve tão bela. Pálida, sua mão pendia na lateral da cama, o cabelo espalhado pelo travesseiro, o corpo nu iluminado por estreitos raios de luar que entravam pelas frestas da janela de carvalho. Expressão pacífica. Foram gastas algumas horas e garrafas de bebida só admirando aquela face lânguida, sentindo aquele cheiro único, tocando aquela pele sem imperfeições. Eu a amava, sempre amei. Apenas um defeito nos colocara a parte. Seu único defeito. Ela não me quis, apesar de todo meu amor e devoção; há quem diga obsessão. Que pena. Agora seu corpo está ao meu lado, inerte, frio, pálido, lindo. E quando não for mais suficiente tê-la sem vida, imóvel ao lado meu, eu a encontrarei na eternidade.

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