sexta-feira, 4 de agosto de 2017















Antes de ter-te, amor
Tudo era vão, tudo era vil, tudo era volátil

Parei em sinais fechados
Dobrei onde era esquina
Fiz de tudo quanto convinha,
Mas raso de cor e sabor

E pequenas reminiscências
Sempre me vêm a mente
De quando te vi, do quanto te quis
De como me mordi e me refiz

Nem consigo saber como era antes de ser
Porque só agora é

quinta-feira, 16 de março de 2017

Sobre o sono






Pálpebras, controlem-se minhas filhas!
Vocês não pesam quase nada.
Qual o peso de vocês? Pouco, hein?
Então não empurrem meu olho para o breu!
Ah, suas barragens de água atrevidas!
Seu suporte de cílios teimoso.
Me obedeça, eu controlo você!
Controlo?
Seja amigável, pequena.
Converso contigo para me distrair da sua pressão.
Para te distrair.
Pequena insolente, não ouse me desafiar.
Que conforto quando cílios superiores e inferiores se tocam.
E a culpa é sua!
Espere, que o momento chega...
A cada piscada, mais e mais próximo.
Vocês vão selar meus olhos em breve,
num soninho gostoso.
Entendo seu tédio modorrento com a paisagem que se desenvolve.
Mas espere, espere o momento
Haverá recompensa, há de ter!
Você poderá cobrir minha visão
E desenrolar filmes em sua parte interna que só eu verei.
E será tão bom para nós duas!
Crie paisagens, crie histórias
E depois me mostre ao seu bel-prazer, querida!
Mas não se faz tempo agora,
Então se aquiete e se sustente.